segunda-feira, outubro 27, 2014

Somos todos brasileiros?

Foram tantas coisas lidas e vistas desde o anúncio da reeleição da presidente, que um post no Face não daria conta de tudo que eu pensei desde então.

Não costumo discutir política, e me considero pouco politizada na verdade. Não assisto horário eleitoral nem debates, não leio notícias sobre o assunto, voto nulo (apenas no primeiro turno deste ano optei pela Luciana Genro, que tem alguma ideias bem próximas das que eu gostaria de ver num presidente), e minha esperança é que um dia o voto deixe de ser obrigatório, e reiterando NÃO SOU PT NEM PSDB, NEM NENHUMA SIGLA OU PARTIDO. Minha questão aqui não é política, e sim humana. E o que vi dos seres humanos nos último meses me assustou.

Política, assim como a maioria das atividades humanas, envolve emoção, e quando há emoções em jogo, os argumentos razoáveis desaparecem para dar lugar aos sentimentos, e o que emerge pode ser o melhor e o pior do ser humano...infelizmente, vi o pior.

O que vou escrever aqui não é para defender nem atacar petistas e peessedebistas, não vou fazer campanha ou apologia contra e a favor de uns e outros. Só fiquei com tanta coisas engasgada, tão abismada com algumas falas, tão decepcionada e desgostosa, que não consigo me calar.

Como tão bem apontou um amigo do Face, vamos a dar a César o que é de César: insatisfação com Saúde, Educação e Segurança devem ser cobradas em primeiro lugar dos Governos Estaduais e Municipais! As redes de educação não são geridas diretamente pelo Governo Federal, assim como a maioria dos hospitais públicos e polícias! Se seu filho não repete de ano mesmo sem saber ler e escrever no 9º ano, se o bandido levou seu carro e sua carteira, se você fica 12 horas mofando num hospital porque não tem médico, vá até o o Prefeito e o Governador e cobre deles seu trabalho!

A verba é repassada para ser administrada pelos Governos Estaduais e Municipais, e se elas não chegam aonde deveriam, houve no caminho diversos desvios que não são culpa direta de tal ou qual partido, mas das pessoas inescrupulosas que muitas vezes elegemos para nos representar e que nem lembramos quem foi. Falta de ética é pessoal, não partidária.

Grandes questões sim, devem ser cobradas das altas esferas. Reforma tributária, diminuição de juros, revisão de impostos, incentivo para micro e pequena empresas (pra já!), reforma política (pra já), reforma previdenciária (pra já), políticas públicas para minorias (pra já), criminalização da homofobia, direito ao aborto, casamento civil igualitário, combate ao trabalho escravo e infantil (pra já, pra já, pra já!!), fiscalização rigorosa e medidas punitivas graves para grandes sonegadores de impostos, ladrões da previdência, corruptos notórios, tudo isso e muito mais nós PODEMOS e DEVEMOS cobrar das altas esferas. As pessoas estão mirando nos alvos errados.

O Brasil não vai virar Cuba nem Venezuela nem ditadura. Em seu início o PT tinha sim um viés de esquerda, mas hoje não se pode chamar o partido como um todo de esquerdista. Setores radicais dentro dele são sim, de esquerda, mas são minoria, e os outros migraram para partidos abertamente comunistas, socialistas e que tais. Falar em esquerda e direita hoje, no Brasil, pra mim é nebuloso, pois as fronteiras se borraram em nome da governabilidade. O PT faz acordos políticos com quem lhe renderá votos e que lhe ajudará a aprovar seus projetos, assim como o PSDB e todos os outros. A situação histórica de Cuba e Venezuela é bem diferente do Brasil. Alardear que vamos virar Venezuela é irresponsável e demonstra falta de leitura de mundo e falta de umas aulas de História.

Corrupção existe em todo e qualquer partido e governo, infelizmente. Corrupta é a pessoa e não a sigla! Nós somos corruptos quando não devolvemos o troco a mais que recebemos no mercado. Nós somos corruptos quando usamos material de escritório do trabalho para assuntos pessoais. Nós somos corruptos quando andamos pelo acostamento e depois furamos a fila de carros lá na frente. Nós somos corruptos quando alteramos nossa declaração de IR para recebermos restituição. Somos corruptos de tantas e pequenas maneiras e não somos políticos nem eleitos, então PT ou PSDB, a corrupção está aí para ser denunciada, combatida e erradicada!

A imprensa é tendenciosa e sensacionalista. Há revistas e jornais de esquerda e direita sim, e a imparcialidade e neutralidade da imprensa não existem. Eles disfarçam, mas não muito. Para se ter uma opinião, você precisa ler Veja e Caros Amigos, pesquisar nas fontes certas (não, não vale o que seu amigo falou no Facebook), ponderar, refletir e aí formar sua opinião, só que dá trabalho. Então eu linko um artigo de Fulano e Sicrano, compartilho umas montagens toscas, espalho "notícias" e tá tudo bem.

Fidelidade partidária e militância não se muda atacando as pessoas, ofendendo e denegrindo reputações, acusando-as de ignorância. Você mostra seus dados, argumenta com educação, escuta o que a outra parte tem a dizer, pondera. Nenhum dos dois mudou de opinião? Melhor ainda que ninguém tenha se ofendido e a amizade possa continuar a mesma, independente de partidos. Infelizmente, não foi o que aconteceu e amizades de anos se perderam por discussões sem sentido, pela imposição de ideias e pela intolerância. Porrada ideológica, ironia, ofensas, este foi o resultado deste pleito.

Sou contra assistencialismo, mas a renda tem que ser distribuída e o que se criou foi o Bolsa Família. Não concordo com a forma como é feito, gostaria de ver muitos outros critérios sendo aplicados, fiscalização para evitar fraudes, mas ele tem que existir. O que eu agora queria muito ver é as pessoas "de bem, trabalhadoras" que declararam em suas redes sociais que então também querem viver de Bolsa Família, quando souberem de quanto é o benefício, conseguirem com menos de 200 reais por mês manterem seus carros do ano, seus planos de saúde caríssimos, suas casas e apartamentos em condomínios fechados, suas roupas e bolsas de grife, suas viagens internacionais, seus jantares, seus filhos em escolas particulares. O Bolsa muitas vezes é um complemento da renda da família, e no que elas usam é problema delas! Se você trabalha para manter seus bens, estas famílias lutam para também terem os seus. O filho do pobre tem direito a tênis bom, a ter material pra ir à escola, comida na mesa, um livro, um cinema. Sonhar ser um "doutor", e ser! Isso é mobilidade social, o sistema de castas é na Índia. Falta a informação de que para se conseguir auxílio reclusão, o preso tem que ser contribuinte da previdência e há todo um processo para sua concessão! Acredito que a grande maioria dos presos não tem direito ao benefício, pois não trabalhavam com carteira assinada antes de cometerem seus delitos. Pura falta de INFORMAÇÃO!

E o discurso que "SP trabalha para sustentar vagabundo?". Parece que o Norte e o Nordeste ficaram lá na fase do açúcar e da borracha, lembram das aulas de história na 4ª série?! Enormes fazendas de cana, engenhos movidos a tração animal, sinhazinhas bordando na janela, seringueiros sangrando árvores no meio da floresta...enquanto isso o Sul e o Sudeste evoluíram e SP carrega o Brasil nas costas. SP é sim, o maior estado do Brasil, mas não é esta Coca Cola toda não! Se nós pagamos impostos, todos os brasileiros pagam! Lá no Norte e Nordeste também tem indústria, tem comércio, tem empresas, tem escolas e faculdades, tem até asfalto, luz elétrica e internet! Quando você vai para o Nordeste de férias, quem arruma seu quarto de hotel, faz suas refeições, leva sua bebida na beira da piscina, dirige o buggy nas dunas? Paulista é que não é! Sim, há o sertão, onde eles subsistem de uma pecuária e agricultura pobríssimas, e é lá que o Bolsa ajuda as famílias não a terem luxo, mas um minimo de dignidade para sobreviver! E outra pequena informação: meus alunos, na periferia de SP, também recebem Bolsa Família. #ficadica

Isso levou a um discurso de ódio tal que até nordestinos se declararam com vergonha de o serem! E os paulistanos quatrocentões (cof cof), raça puro sangue descendente direta de bandeirantes matadores de índios, mostraram suas garras, deixaram a timidez de lado e destilaram todo seu preconceito enrustido, e saíram com a ideia mirabolante de revolução separatista! Sério?! Você é tão maduro e politizado que sua solução é se separar, no melhor estilo "a bola é minha e se eu não brinco, ninguém brinca"? Nem faz tanto tempo assim, o mesmo discurso de ódio matou 6 milhões de pessoas na Alemanha. E esqueceram que os mesmo nordestinos que eles odeiam, que eles xingam de burros e vagabundos são os mesmo que lavam suas privadas, cuidam dos seus filhos, abrem a porta dos seus carrões, constroem os seus prédios de luxo...sem os nordestinos e nortistas não existiria Brasília, São Paulo...

Outra ideia ótima foi "vou sair do Brasil". Sim, porque na Europa (em crise) e nos EUA (em crise), essas pessoas vão conseguir manter o padrão de vida que tem aqui. Se lá recebemos em dólar e euro, também compramos em dólar e euro! E se a xenofobia aqui é grande, lá é enorme! Quando eu disse no Face que as pessoas vão pra Europa lavar prato e servir mesas, não é preconceito com quem faz isso nem por achar degradante, mas por que as pessoas tem a ilusão de que "lá fora é melhor". E na maioria das vezes, não é! Poucos conseguem imigrar para trabalhar com o que se formaram aqui no Brasil, a maioria vai parar em serviços que aqui no Brasil mandam os nordestinos fazerem (que ironia), mas porque lá recebem em euro ou dólar, então tá tudo bem. É uma mistura de deslumbramento com ingenuidade que me assombra.

Por fim, me entristece ver pessoas que eu considero inteligentes, me ofendendo e se ofendendo. Sim, porque quando você xinga o povo brasileiro de burro, você me xinga e se xinga. Povo brasileiro somos todos nós, independente do voto, da cor, da orientação sexual, da conta bancária, do estado de origem. Me entristece quando vejo a oportunidade de nos unirmos para sermos mais fortes se perder em ódio e ironia. Me entristece, mas este é meu último texto sobre o assunto.


terça-feira, janeiro 21, 2014

Projeto ABC do Cinema - Letra B

Se você perdeu a primeira postagem do projeto, e quer saber o que ele é, basta clicar aqui. Para os que já estão a par, chegou a hora da resenha do filme escolhido com a letra B, que foi:

Batman O Cavaleiro Das Trevas (The Dark Knight, EUA, 2008), com Christian Bale, Heath Ledger, Michael Caine, Gary Oldman, Aaron Eckhart, Morgan Freeman e Maggie Gyllenhaal.

O Cavaleiro das Trevas é o segundo filme da trilogia produzida, escrita e dirigida por Christopher Nolan, num reboot do personagem no cinema, após 4 filmes e três atores no papel de Batman (Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney). Depois de um inicio sombrio, mas promissor, com os filmes dirigidos por Tim Burton, a Warner quis um clima mais familiar e "solar", o que resultou nos 2 filmes seguintes e uma avalanche de críticas negativas, apesar do faturamento nas bilheterias se manter razoável. Ao invés de investir numa continuação, acabou-se por optar em recomeçar a franquia do zero, surgindo assim uma nova identidade para o Homem Morcego.


Por ser um filme que está entre outros dois, O Cavaleiro das Trevas nos apresenta uma história já em andamento, com alguns novos elementos e deixando para o próximo filme a resolução do arco maior da história, que é: um dia Batman poderá deixar de existir?

A origem do Batman todos conhecem, ele era apenas um menino quando viu seus pais serem assassinados, e alimentou seu ódio e desejo de vingança até virar o Batman, por baixo da fachada de Bruce Wayne, um bilionário playboy e levemente irresponsável.

Como sempre a cidade de Gotham está tomada por bandidos, e o plano de Batman e Jim Gordon é desmantelar as várias gangues de mafiosos rastreando o dinheiro usado por eles. Um novo personagem entra nesta equação, o respeitável promotor Harvey Dent. Enquanto os três tentam limpar Gotham, o Coringa chega para quebrar tudo e tocar o terror, revelando o que de pior pode haver nas pessoas. Ele mata, aterroriza, chantageia, trapaceia e desfaz qualquer plano, levando todos ao limite da ética.

Vemos que o Batman de Nolan não é invencível: ele se machuca, fisicamente, mas também se questiona sobre um dia deixar de ser o Batman, sobre o herói que Gotham precisa e merece, sobre algumas de suas atitudes, sobre seu amor por Rachel, e acaba dando de cara com as consequências de seus atos.

O filme tem vários momentos de clímax, em que você pensa "caramba, agora acabou de vez", e logo depois é jogado novamente no meio da ação. Todos os personagens são bem escritos e tem seus momentos de destaque, em especial Harvey Dent e sua transformação no Duas Caras, sua morte ocasionando o discurso da agora Comissário Gordon sobre heroísmo, a fuga de Batman e seu auto exílio, dando o mote para o terceiro e último filme.

Mas o ponto alto do filme é sem dúvida o Coringa de Heath Ledger. Desde a composição dos trejeitos e tiques de seu personagem, passando pelo figurino extravagante e suas histórias para explicar suas cicatrizes, Ledger deu um show de interpretação e entregou-se ao personagem de tal maneira que a loucura deste acabou por levá-lo, de certa maneira, a morte. O Coringa de Cavaleiro das Trevas não é apenas um palhaço maluco, mas se vale desta máscara para, aos poucos, tomar o controle dos bandidos de Gotham e levar a cabo seu plano de acabar com o Batman. Apesar de dizer para Harvey, no hospital, que ele é o caos e que as pessoas se desesperam com a falta de controle, Coringa planeja suas ações cuidadosamente para espalhar a desordem. E é em meio a esta que as pessoas revelam seus piores e melhores lados.

Ao final, o Coringa é o outro lado da moeda, a outra face do Batman. São dois mascarados fazendo a sua justiça e mergulhando a cidade de Gotham no caos. O Coringa é o Batman louco, o tipo de vilão que só uma cidade como Gotham e um herói como Batman poderiam produzir.

Não deixem de comentar e acompanhar, em breve o filme com a letra C!

sábado, janeiro 11, 2014

Projeto ABC Do Cinema - Letra A

Resolvi botar ordem nos filmes que tenho em casa, e descobri que não assisti vários, então pensei "porque não assisti-los em ordem alfabética?". Mas, como ficaria muito sem graça, transformei tudo num projeto para 2014, chamei alguns amigos para me ajudarem a escolher um filme de cada letra e voilá: ABC Do Cinema!! E o primeiro filme escolhido foi:

Advogado do Diabo (The Devil's Advocate, EUA, 1997), com Keanu Reeves, Charlize Theron e Al Pacino.
Kevin Lomax (Reeves), é um advogado de uma pequena cidade na Flórida, onde nunca perdeu uma causa. Após defender e absolver um professor acusado de pedofilia, ele é contratado por John Milton (Pacino), dono de um grande escritório de Nova York. Lomax e a mulher, Mary Ann (Theron), embarcam numa vida de luxo e mordomias, mas que acaba se revelando um grande pesadelo.


Eu adoro este filme, do meu ator sem expressão favorito, Keanuu Reeves! Sim, ele faz pencas de filmes de sucesso, sempre com a mesma expressão no rosto, uma coisa assim meio de lado, já saindo, indo embora...estilo olhar 43! Mas não tem jeito, a gente adora, assiste várias vezes e nunca deixa de reparar como ele é bonito.

Numa primeira análise, dá pra dizer que é um filme de suspense sobrenatural, afinal tem demônios e o próprio coisa ruim explodindo em chamas. Podemos dizer também que ele retrata o mundo de ambição e materialismo que vivemos hoje, pois todos os personagens estão mergulhados num mundo de luxo, dinheiro e relações influentes. Existe também a questão da vaidade, de aparecer e ganhar a qualquer custo, de ser e ter sempre o melhor, além das tentações a que estamos expostos no dia a dia. Acredito, no entanto, que a mensagem do filme é: você é livre para escolher, mas saiba que toda ação tem uma consequência (nem sempre boa).

A ação começa num tribunal, durante o julgamento de um professor, acusado por uma aluna de assédio sexual. Enquanto a menina, chorando, conta como tudo aconteceu, Kevin percebe o cliente se masturbando em pleno tribunal! Com raiva, ele pede um intervalo, vai para o banheiro e um jornalista diz a frase fatal "sua sorte um dia ia acabar, todo mundo tem que perder". É o estopim para que ele volte, acabe com a garota e inocente seu cliente, mesmo sabendo que ele era culpado. Ele teve uma escolha, e escolheu vencer. A partir daí, vemos como cada escolha só o leva mais para o topo, mas o deixa cada vez mais sem escrúpulos. Ele tem que vencer, mesmo defendendo pessoas que são claramente culpadas. Ele manipula, mente, passa por cima de tudo e todos, se deixa seduzir por dinheiro, poder e beleza. Até aí, o filme tem mais um tom de drama de tribunal do que sobrenatural, fora algumas visões demoníacas que Mary Ann começa a ter (e ele acha que é piração da cabeça dela, por estar sozinha numa cidade estranha).

A virada começa a ocorrer quando Milton indica Kevin para defender um cliente acusado de triplo homicídio. Cada vez mais sozinha, Mary Ann descobre que não pode ter filhos. E quando Milton sugere que Kevin largue o caso para cuidar da esposa, ele diz não: prefere ganhar o caso e depois cuidar da mulher. E na tarde em que ele, usando falso testemunho, inocenta mais um culpado, chega em casa para descobrir que Mary Ann está transtornada, machucada e acusando Milton de tê-la estuprado, no mesmo momento em que ele estava no tribunal. Tentando ajudar, ele interna Mary Ann, que acaba se matando...e ele ainda descobre que a mãe ultra religiosa teve um deslize na adolescência, e que Milton, além de ser o diabo em pessoa, é seu pai.

Toda a parte final, incluindo o embate entre pai e filho, versa sobre livre arbítrio. Kevin diz que foi manipulado, quer jogar a culpa em alguém que não seja ele, e Milton rebate, jogando na mesa todas as vezes em que Kevin teve poder de escolher, mas deixou a vaidade falar mais alto. Até que Kevin faz a escolha final, e descobrimos que tudo foi uma grande "visão". Ele está no banheiro do tribunal, na Flórida, e resolve voltar e escolher diferente, abandonando o caso. Tudo certo, ok? Nem tanto, afinal parece que Kevin não aprendeu muito bem a lição sobre resistir a tentação de sempre sair por cima.

Então, fica uma pequena reflexão...é mesmo preciso vencer sempre, a todo custo, mesmo que isso signifique mais trabalho, menos tranquilidade, contornos de ética, a perda de pessoas queridas, queda na qualidade de vida, apenas para alimentarmos a vaidade de sermos os melhores?

Comecei muito bem o projeto!! Vamos ver qual será o filme vencedor da letra B!

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Uma breve polêmica sobre 50 Tons de Cinza

Estava decidida a não ler 50 Tons de Cinza (Fifty Shades Of Grey, E.L. James, Intrínseca, 2012), apesar de todo o burburinho em volta do tal "erótico para mamães". Já sabia que era uma fanfic de Crepúsculo (fanfic é "ficção de fã", histórias criadas por fãs com os personagens de livros, séries, filmes ou até mesmo com atores, cantores, etc. utilizando o mesmo cenário da história ou não), e que tinha causado furor na época de sua publicação na internet, com a autora proibindo traduções, tradutoras furando o bloqueio e arquivos sendo passados secretamente através de comunidades no Orkut (!). Li a fanfic, achei ruim (mal escrita e mal traduzida), e deixei pra lá.

Mas o hype foi forte, todo dia eu topava com Mr. Grey no ônibus e no metrô, a curiosidade foi maior (a fanfic estava incompleta), apareceu um exemplar dando sopa para empréstimo...não se pode falar de algo sem conhecer, certo?! Se você não gosta de spoilers, melhor para de ler por aqui!


Anastacia Steele é uma moça atrapalhada e tímida, terminando sua graduação em Literatura e melhor amiga de Kate Kavanagh, editora do jornal da faculdade. Quando Kate fica doente, manda Ana em seu lugar para entrevistar Christian Grey, jovem e poderoso CEO de uma grande empresa. O que Ana tem de pobre, falta de autoestima e duvidas, Grey tem de rico e confiante. Além de ser lindo.

Como nos romances "água com açúcar" vendidos em banca (e não tenho nada contra, adoro, leio e coleciona há anos), Ana se vê irresistivelmente atraída para Grey, que a cerca de todas as maneiras até lhe revelar seu pequeno segredinho: ele é um Dominador, e tem um quarto cheio de chicotes, amarras, e outros apetrechos BDSM. E é só assim que ele concebe uma "relação", um contrato onde ele é o senhor e Ana sua Submissa. A virgem Ana terá culhões para se envolver com Grey, mesmo nestas condições?

Apaixonada, Ana acaba aceitando, óbvio, mas com algumas condições. Ela quer algo a mais, um namoro comum, com encontros normais, o que Grey acata até certo ponto, para que ela aceite seu papel de Submissa no Quarto Vermelho da Dor, como Ana chama o quarto de jogos de Grey. Óbvio também que ela se esforça ao máximo para agradar seu senhor, descobre sua deusa interior, transa loucamente até que ele a pune (são seis bordoadas nos glúteos de Ana), e o mundo desaba. Ela entende que não pode viver assim, e mesmo amando Grey, vai embora. O livro acaba com Ana chorando sozinha na cama.

E agora vamos por partes, começando pela Ana. Onde, hoje, se encontra uma moça de 21 anos tão ingênua? Tudo bem, é uma ficção, mas não precisamos exagerar, ainda mais se ela mora com uma colega de quarto que transa com os namorados a metros de onde Ana dorme. Ela tem sérios problemas de autoestima, não se vê como bonita ou desejável até Grey aparecer. Entregar sua autoimagem nas mãos de um homem é um passo para a tragédia, porque ao menor sinal de rejeição do dito cujo, lá se foi sua autoestima para -1.000! Pior que isso, só os diálogos que ela tem com sua "deusa interior" a cada 5 segundos, tornando o livro enfadonho ao extremo. Uma deusa interior que diz "uau" frente a um orgasmo ou usa pompons de líder de torcida para comemorar o próximo encontro caliente...belas imagens para um livro "erótico". Só que não.

Grey é seriamente perturbado! Ao longo do livro surgem diversas indicações de que ele foi vitima de algum tipo de abuso quando criança, antes de ser adotado aos 4 anos pela família Grey, além de ter sido "seduzido" aos 15 anos por uma amiga da mãe, a Dominadora que o apresentou ao mundo BDSM. E para um cara tão inteligente, ele é bem obtuso ao discutir isso com Ana, dizendo que a amiga da mãe o livrou da auto destruição, ao invés de admitir que foi vitima de pedofilia! Ele é maníaco por controle, chato, grudento e como a própria Ana diz "usa o sexo como arma". Eu digo que ele usa o sexo e o dinheiro como armas para cercar Ana, como uma aranha tecendo sua teia ao redor de uma mosca. O que eu penso quando vejo alguém dizer que gostaria de um Mr. Grey para si? Faça bom proveito!

Os outros personagens são imitações pálidas de todos os personagens vistos em Crepúsculo, e como Ana e Grey, são mal desenvolvidos. Carlisle, Emmet, Rosalie, Alice, Renee, Esme, Paul, estão todos em 50 Tons de Cinza com outros nomes. Nem vale comentar.

E a história, o romance entre Grey e Ana é só um fiapo costurando as cenas de sexo entre os dois. Desde a primeira vez de Ana (como Grey chama, sexo baunilha, ou seja, sem nenhum brinquedo erótico, amarração, etc), em que ela não sente dor alguma, passando pelas experiências BDSM com bolas de pompoarismo, vendas, chicotadas, até a vez em que ele tira o OB dela (uma coisa nojenta, e não erótica, na minha opinião), tudo já foi dito, escrito e descrito infinitas e melhores vezes que neste livro. Como são muitas cenas, palavras são repetidas e a autora fica no meio termo entre a sacanagem e o eufemismo. Ao mesmo tempo em que Ana fala pau, ela nunca diz buceta (quando se refere a vagina, ela diz que sente as coisas "ali"). E o senhor Dominador chama Ana de baby. E no meio disso tudo, está sempre a tal da deusa interior.

50 Tons é mal escrito, chato, tem personagens rasos e inverossímeis. O motivo do furor só pode ser o BDSM, porque literatura erótica para mulheres existe aos montes e há muito tempo. Livros da Nora Roberts tem cenas de sexo, livros de banca como Julia, Sabrina, Desejo, Paixão tem cenas de sexo, livros da Meg (Patricia) Cabot tem cenas de sexo! Mais bem escritas, e amarradas por melhores histórias. Quer uma boa? Irmandade da Adaga Negra, com quase 10 livros publicados no Brasil! Todos os vampiros da J.R. Ward dão um banho, com louvor, em Christian Grey. E para ler sobre mocinhas ingênuas e mocinhos mandões, prefiro os livros da Diana Palmer, ou os meus amados água com açúcar, que não tem pretensão alguma de ser mais do que são: literatura erótica para mulheres se divertirem, suspirarem e tirarem inspiração para a vida real.

Se eu vou ler os outros (emprestados)? Claro. Quero ver até onde vai a "imaginação" da autora. Esperem por resenhas dos próximos capítulos!

terça-feira, novembro 20, 2012

TAG - Skoob: Minha Estante Virtual


Uma rede social para quem é viciado em livros é a definição básica do Skoob. Você cria um perfil e monta sua estante virtual, dá notas, faz resenhas, estabelece metas de leitura, faz trocas e interage com outros leitores. Eu tenho um perfil faz um bom tempo, e a cada nova aquisição corro para cadastrar na minha estante, o que facilita muito a minha vida (muito mais fácil procurar na estante virtual que na real, que é a maior bagunça). No final do post está o link do meu perfil, para quem quiser me adicionar!

Hoje a usuária Samanta Rabelo lançou uma TAG/pesquisa, com algumas perguntas bacanas, e eu resolvi responder. Vejam abaixo as perguntas e respostas:

1- Quantos livros lidos você tem na sua aba LIDO no Skoob? 591

2- Qual livro você está lendo? Cinquenta Tons de Cinza

3- Quantos livros tem na sua aba VAI LER? 491

4- Você está relendo algum livro? Qual é? No momento não, mas pretendo reler A Guerra dos Tronos em breve.

5- Quantos livros você já abandonou? Quais são ele? 2, Personal Demons e On The Road.

6- Quantas resenhas você tem cadastradas no Skoob? Nenhuma.

7- Quantos livros avaliados você tem na sua lista? 315

8- Na aba FAVORITOS, quantos livros você tem registrados? Cite alguns. 216. Grau 26, 1808, Clarice, Admirável Mundo Novo, Fazendo Meu Filme, Orgulho e Preconceito, A Passagem.

9- Quantos livros você tem na aba TENHO? 940 (e subindo)

10- Quantos livros você tem na aba DESEJADOS? 56 (e subindo)

11- Quantos livros emprestados no momento? Quais? Nenhum cadastrado, mas os dois Bridget Jones, Precisamos Falar Sobre o Kevin, Orgulho e Preconceito, Os Homens Que Não Amavam As Mulheres e outros que já perdi a conta e a esperança de serem devolvidos : (

12- Você quer trocar algum livro? Quais são? No momento 6: Irmão Lobo, O Primo Basílio, Sex And The City, os 2 primeiros da série Gossip Girl e Comédias Para se Ler na Escola.

13- Na aba META quantos livros você tem marcados? Cumpriu esta meta? Nenhum.

14- Qual é o número no teu paginômetro? 162.822

15- Qual é o link do teu perfil no Skoob? Fabi Lameirinha

Vou indicar 5 usuários para responder a TAG no Facebook!




quinta-feira, julho 19, 2012

Te conheço?

J.R.R. Tolkien

Nós lemos os seus livros, vemos suas peças de teatro, acompanhamos as adaptações de suas obras para o cinema e a Tv, mas nós sabemos quem são nossos escritores favoritos?!

A Superinteressante criou um jogo da memória super bacana, com os rostos de alguns escritores famosos. Eu demorei umas 4 rodadas para acertar todos (muitos no chute, hehehe), e ainda tive uma ajudinha da sorte!

Acesse e jogue aqui.

Emmy 2012 - Os Indicados!



Há, bons tempos em que eu ficava alucinada esperando as indicações do Emmy, só para ver se Lost estaria lá! Me decepcionei e me empolguei várias vezes, e hoje o Emmy é mais curiosidade que amor verdadeiro hehehe...


Mas hoje saíram as indicações deste ano, para séries que tiveram no mínimo 6 episódios exibidos entre junho de 2011 e maio de 2012, e em pelo menos 50% do território americano. Confesso que me surpreendi em algumas categorias, seja por presença ou ausência de séries e atores. 


As categorias técnicas serão premiadas em 15 de setembro, em cerimônia não televisionada, e as categorias principais serão entregues em 23 de setembro (LOST!LOST!LOST!), com transmissão pela Tv, tapete vermelho e afins.


Vamos a lista de indicados e meus comentários rápidos (a lista completa está aqui): 


Série Dramática
Boardwalk Empire
Breaking Bad
Downton Abbey (OMG, amo demais e é páreo para qualquer uma das concorrentes, mas acho que GOT leva).
Mad Men
Homeland
Game of Thrones

Série Cômica
The Big Bang Theory (sou suspeita, porque adoro demais, mas a última temporada foi muito boa mesmo!)
Curb Your Enthusiasm
Girls
Modern Family (também adoro, tá pau a pau com TBBT, a temporada foi perfeita!)
30 Rock (já foi mais hypada)
Veep

Minissérie ou Telefilme
American Horror Story (série antológica, por mim levaria o Emmy com louvor! Roteiro, direção, argumento, atores, cenário, tudo perfeito, e olha que eu morri de medo, mas não larguei até terminar!)
Game Change (Telefilme)
Hatfields & McCoys (minissérie)
Hemingway & Gellhorn (telefilme)
Luther (série britânica)
Sherlock (série britânica)

Ator de Série Dramática
Steve Buscemi, Boardwalk Empire
Bryan Cranston, Breaking Bad
Michael C. Hall, Dexter (pelas 2 primeiras temporadas, ele devia levar, mas não sei como foi a última temporada)
Hugh Bonneville, Downton Abbey (estou torcendo!)
Damian Lewis, Homeland
Jon Hamm, Mad Men

Ator de Série Cômica
Jim Parsons, The Big Bang Theory (mais uma vez, sou suspeita! Mas a virada de Sheldon nesta temporada, e suas interações com Amy estão hilárias)
Larry David, Curb Your Enthusiasm
Don Cheadle, House Of Lies
Louis C.K., Louie
Alec Baldwin, 30 Rock
Jon Cryer, Two And A Half Men (depois de aguentar Charlie Sheen por 9 temporadas, poderia levar com certeza)

Atriz de Série Dramática
Glenn Close, Damages (atuação sempre elogiadíssima)
Michelle Dockery, Downton Abbey (hááá, tô torcendo muito)
Julianna Margulies, The Good Wife
Kathy Bates, Harry’s Law
Claire Danes, Homeland
Elisabeth Moss, Mad Men

Atriz de Série Cômica
Lena Dunham, Girls
Melissa McCarthy, Mike & Molly
Zooey Deschanel, New Girl (a série é engraçadinha e a Zooey é fofa, mas não é tudo isso)
Edie Falco, Nurse Jackie
Amy Poehler, Parks And Recreation
Tina Fey, 30 Rock (já foi mais hypada, como a série)
Julia Louis-Dreyfus, Veep

Ator Coadjuvante em Série Dramática
Aaron Paul, Breaking Bad
Giancarlo Esposito, Breaking Bad
Brendan Coyle, Downton Abbey (dois indicados da mesma série costumam dividir os votos, então acho que vai ficar entre Peter e Jared)
Jim Carter, Downton Abbey
Peter Dinklage, Game Of Thrones
Jared Harris, Mad Men

Ator Coadjuvante em Série Cômica
Ed O’Neill, Modern Family
Jesse Tyler Ferguson, Modern Family
Ty Burrell, Modern Family
Eric Stonestreet, Modern Family (quatro indicados vão totalmente dividir os votos! São todos ótimos, mas acho que vai ficar com Bill este prêmio)
Max Greenfield, New Girl
Bill Hader, Saturday Night Live

Atriz Coadjuvante em Série Dramática
Anna Gunn, Breaking Bad
Maggie Smith, Downton Abbey (sou toda amor por Maggie!)
Joanne Froggatt, Downton Abbey
Archie Panjabi, The Good Wife
Christine Baranski, The Good Wife
Christina Hendricks, Mad Men

Atriz Coadjuvante em Série Cômica
Mayim Bialik, The Big Bang Theory (sou toda amor por Mayim!)
Kathryn Joosten, Desperate Housewives
Julie Bowen, Modern Family
Sofia Vergara, Modern Family
Merritt Wever, Nurse Jackie
Kristen Wiig, Saturday Night Live (mas também adoro a Kristen, é a melhor do elenco feminino de SNL)

Melhor Programa de Competição ou Reality Show
Dancing With The Stars
Project Runway (adoro, as brigas são intensas e os jurados são fantásticos!)
So You Think You Can Dance
Top Chef (sou toda amor por Top Chef!)
The Voice

Mad Men e Downton Abbey são as recordistas de indicações, com 17 cada uma, uma vitória para Downton que ano passado só levou um prêmio (foi considerada minisérie). Senti falta de Community  e Glee nas categorias principais de série cômica! E Jessica Lange estava irretocável em American Horror Story, tem que levar um prêmio (está indicada como atriz coadjuvante em minisérie/telefilme). E a maior ausência, na minha opinião, é a de Fringe, tanto nas categorias principais quanto nas técnicas! John Noble já passou da hora de ganhar um Emmy! Outras indicadas que eu amo, nas categorias técnicas são Once Upon A Time e Falling Skies.

Vou torcer a acompanhar a premiação, como sempre. Quais os seus palpites?

Percetion, nova série!


Séries sobre gênios resolvendo casos policiais de formas nada ortodoxas, como Lie to Me e The Mentalist, assim como séries policiais que focam em certos aspectos do trabalho como C.S.I. ou Criminal Minds, nós já estamos cansados de ver. É a premissa básica caso da semana + gênios/policiais em ação + alguma pista obscura ou ligação que só eles conseguem fazer = caso resolvido. Então porque eu fiquei alucinada por Perception, que é um pouco de tudo descrito acima?!

Porque na primeira cena o personagem Daniel Pierce (Erick McCormack, de Will & Grace), um neurocientista brilhante pergunta a sua classe na faculdade: o que é real? É o que percebemos com nossos sentidos, uma viagem ou fantasias que nosso cérebro cria? E aí, o que é real?

Confesso que acabei um pouco perdida no caso da semana, o assassinato de um executivo de uma indústria farmacêutica, porque fiquei fascinada pelos trejeitos, frases e manias do Dr. Pierce. Há, como um professor acaba envolvido numa investigação policial? Sua ex-aluna, Kate Moretti (Rachel Leigh Cook, de Ela é Demais, está irreconhecível!!!), agora trabalha no FBI e vai perdir ajuda.

E aí, em meio a pedidos bizarros de fitas cassetes e palavras cruzadas, providenciadas pelo seu assistente pessoal Max (Arjay Smith), e conversas com sua amiga Natalie (Kelly Rowan, de The O.C.), Daniel tem que lidar com seus próprios problemas, alucinações e alunas safadinhas. Ele vê pessoas que ninguém mais vê, não assume relacionamentos, toma medicações, indicando que ele é ezquizôfrenico.

Acho que a série tem potencial, se começar a centrar força em Daniel e suas interações com Max, Natalie e Kate, e deixar em segundo plano o caso da semana, ou amarrar o caso de forma a jogar foco no Dr. Pierce. A trama pode evoluir bastante, e quero ver mais aulas! A primeira temporada teve 10 episódios encomendados, mas a audiência nã foi das melhores no piloto. Vou torcer para que não acabe como Touch.

terça-feira, julho 17, 2012

Prometheus, que filmaço!


Não gosto de filmes de terror, mas confesso que adoro um bom suspense psicológico, e muitas vezes esses gêneros são vendidos no cinema como parentes bem próximos, o que eu acho que não são. Exemplo: Os Outros, que tem uma uma pegada sobrenatural, mas altamente psicológica, e foi vendido como "terror". Tudo isso para explicar porque eu adoro o filme Alien, só o primeiro, esqueça todas as continuações, e adorei ainda mais Prometheus (Prometheus, EUA, 2012), que são vendidos como terror, mas são suspenses de tirar o fôlego.

Prometheus seria uma prequel, uma história que antecede Alien O 8º Passageiro (Alien, EUA, 1979), os dois dirigidos por Ridley Scott, um dos melhores diretores no filão de ficção científica. Em Alien, uma nave cargueiro está voltando a Terra quando seus 7 tripulantes são acordados para verificar uma transmissão de um planeta deserto. O que eles encontram são ovos, e um dos tripulantes é infectado, gerando um ser alienígena sinistro que sangra ácido! Um a um os tripulantes são dizimados, restando apenas Jones, o gato, e a tenente Ripley (um dos personagens mais fodões do cinema), os dois confinados num "apêndice" da nave principal (que Ripley explodiu tentando se livrar do Alien), vagando pelo espaço. Muitas perguntas ficaram: quem eram esses aliens, quem deixou o sinal de alerta, o que era o space jockey? Prometheus lança luz sobre alguma dúvidas e deixa outras.

O começo do filme lembra muito o ar setentista de Alien, seus planos sequência de grandes silêncios, personagens solitários andando por naves espaciais, aparentando toda a normalidade. Conhecemos David, um robô humanóide que pinta o cabelo e cita frases de Lawrence da Árabia, e o dilema: o que nos torna humanos? O que é a alma? Um robô pode desenvolver sentimentos e ter conflitos éticos?

Na nave Prometheus estão também um biólogo, um geólogo, navegadores e o capitão da nave, uma representante da empresa que financiou a expedição e Elizabeth e Charlie, pesquisadores que encontraram mapas estelares em diversas escavações arqueológicas, em sua busca pelas origens da vida humana. São estes personagens que vão conduzir a expedição, descobrir coisas assombrosas e infelizmente, ser dizimados.

Mesmo quem não assistiu Alien, vai curtir Prometheus, afinal, sua premissa é básica: de onde viemos, quem nos criou e para onde vamos? As duas primeiras perguntas são respondidas, de forma fantástica. A última, talvez fique para um próximo filme. Todas as cenas de ação são espetaculares e o 3D funciona muito bem.

A trama tem reviravoltas bem armadas, segredos revelados na hora certa, muita ironia e é tão bem editado que não se sente suas duas horas de duração! As personagens femininas, Elizabeth e Meredith, são um show a parte, mas quem rouba a cena é David (que me lembrou muito A.I. Inteligência Artificial). Talvez as discussões éticas e religiosas em relação a origem da vida tenham sido superficiais, mas Prometheus é um filme de ação, suspense e ficção, e nisso ele cumpre seu papel muito bem.

Para quem assistiu Alien, temos algumas referências que vão fazer você pirar e falar "OMG, então é daí que saiu tal coisa?!". E uma dúvida: para onde foi Elizabeth?!

Eu sai do cinema de boca aberta, pensando em como o Ridley Scott é bom no que faz e louca de vontade de assistir Alien de novo! Há, e pra constar como curiosidade, só vendo os créditos, descobri que Damon Lindelof, produtor e roteirista de Lost, é também roteirista e um dos produtores de Prometheus. Garantia de qualidade, na minha opinião.

quinta-feira, junho 23, 2011

Desafio #7HP30 - Harry Potter e a Pedra Filosofal

Cheguei bem tarde ao mundo Harry Potter: todos os livros e 5 dos 8 filmes já estavam lançados. Me lembro de ainda trabalhar na Poly Vídeo (primeiro emprego numa locadora, totalmente a minha cara, anos felizes passei lá!), quando chegou o DVD do primeiro filme. Foi uma febre, uma correria, todo mundo reservando e eu nem tchuns.

Pois o tempo passou, a febre cresceu, J.K. dominou o mundo e eu resolvi que era hora de ver qual era a magia do tal Harry Potter. Num evento de Crepúsculo, conheci um carinha que fazia cosplay de Sirius Black, e você sabe como é, na paixonite pelo rapazinho até fui parar num evento de Harry Potter sem nem saber quem era Sirius Black! A paixonite passou, mas o Harry ficou. E agora, as vésperas do último filme, me propus a reler os 7 livros da saga antes da estreia de Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2. Então, vamos começar do começo...


Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Philosopher's Stone)
J.K. Rowling, 1997.
Tradução: Lia Wyler, Editora Rocco, 2000, 263 páginas.

Harry Potter é um garoto comum, prestes a completar 11 anos, que vive com os tios e o primo num súburbio de Londres. Bom, comum em termos...de vez em quando, coisas anormais acontecem a sua volta, até que ele descobre o porque: ele é um bruxo! E quando ele é convidado a ingressar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, sua vida nunca mais será a mesma.

Quem não se apaixona logo de cara pela história de Harry? É o clássico "garoto órfão que descobre ser especial e que tem uma missão a cumprir", misturado com bruxaria!

Confesso que me assustei com a dureza dos Dursley, J.K. não poupa Válter, Petúnia e Duda, nem na descrição nem na psicologia dos personagens: eles são tudo que pode ser ruim na vida de um menino. E eu já estava odiando os 3 lá pela quarta ou quinta página, mesmo que a vida de Harry com eles só apareça no segundo capítulo! E este é um mérito da autora, eu acredito, levar você a se identificar e tomar partido dos personagens, se envolver na história e quando vc percebe, já foi fisgado!

E quando Harry descobre sobre seus pais, sobre Hogwarts...que felicidade! Pelo menos por alguns meses, ele vai poder se livrar dos parentes trouxas (os não-bruxos)! Outro acerto de Rowlings: "reciclar" a mitologia relacionada a bruxaria com vigor, como se realmente houvesse bruxos e locais mágicos entre nós. Os lugares que ela descreve, desde o Caldeirão Furado até a própria Hogwarts, são tão críveis que você se imagina neles, tomando um suco de abóbora gelado no Caldeirão, passeando pelo Beco Diagonal ou sentado numa das poltronas da sala comunal da Grifinória.

Outro ponto forte da história são os personagens, desde o trio protagonista Harry-Rony-Hermione (diva!), passando pelo time de professores, Dumbledore, os gêmeos Weasley, outros alunos...cada um tem sua marca, seus trejeitos, sua personalidade se amoldando a sua aparência (ou vice-versa). E a cada hora você se pega descobrindo que tem alguma coisa de cada um deles, até mesmo a memória fraca de Neville!

Pausa para o Quadribol.Cada descrição que ela faz te leva exatamente para a vassoura junto com Harry. O vento nos cabelos, os balaços passando por perto, a sensação de apanhar o pomo de ouro...

A aparição de Lord Voldmort é o clímax perfeito para a investigação sobre a Pedra Filosofal, o mistério de quem estava atrás dela e a introdução do inimigo de Harry, até então somente uma lembrança dos bruxos mais velhos. E é apenas o inicio dos seus encontros (que vão ficando cada vez mais hardcore a cada livro)! Depois de tanta emoção, Harry ainda ganha um álbum com fotos dos pais e ajuda Grifinória a ganhar a Taça das Casas, para fechar seu primeiro ano em Hogwarts com chave de ouro! Vibrei muito com a derrota da Sonserina hehe...

E se ao fechar este livro, você não estiver tentado a começar imediatamente o próximo, desculpe, mas acho que você é um trouxa!